O MPI (Ministério dos Povos Indígenas) anunciou nesta segunda-feira (27) que acompanha de perto o conflito em Caarapó e solicitou reforço da FNSP (Força Nacional de Segurança Pública) para a região, após a ocupação e o incêndio de uma fazenda no último sábado (25). Um dia após um confronto com a PMMS (Polícia Militar de Mato Grosso do Sul), os indígenas Guarani Kaiowá deixaram a Fazenda Ipuitã.


O monitoramento ocorre por meio do Demed (Departamento de Mediação e Conciliação de Conflitos Fundiários Indígenas), em parceria com a Funai e a FNSP. Conforme o ministério, a atuação ocorre dentro das competências para mediar a situação e garantir a proteção de direitos.
Ainda conforme o MPI, não houve notificação sobre a existência de presos ou feridos nos recentes episódios de ocupação, e foi solicitado ao Ministério da Justiça e Segurança Pública o reforço da FNSP no sul do Estado, no âmbito da Operação Tekoha IV.
“Nosso objetivo é prevenir a escalada da violência, proteger famílias indígenas e assegurar a atuação de servidores públicos em atividades de mediação e fiscalização”, afirmou o MPI, em nota.
Além disso, o ministério integra a comitiva federal que realizará diligências na área e visitará os territórios onde os conflitos foram deflagrados, na região de Dourados.
Invasão e incêndio
O episódio ocorre após a invasão da Fazenda Ituipã, em Caarapó, na manhã de sábado (25). Cerca de 50 indígenas armados ocuparam a propriedade, expulsaram o caseiro e atearam fogo em áreas de plantação e no maquinário. O Corpo de Bombeiros prestou apoio, e a Polícia Militar mantém patrulhamento na cidade e no entorno da fazenda.
‘Ato criminoso’
Na manhã desta segunda-feira (27), o governador Eduardo Riedel (PP) classificou a invasão como ação criminosa. Riedel afirmou ainda que o grupo teria sido aliciado por interesses alheios à questão indígena.
“Invadir propriedade privada, incendiar benfeitorias, levar animais vivos e destruir maquinário é um ato criminoso. É esse alguém que vamos identificar”, disse.
A ocupação da fazenda começou em 21 de outubro e, nas últimas semanas, o mesmo grupo participou de ações semelhantes que exigiram operações policiais na região. No domingo (26), o número de ocupantes na propriedade diminuiu, mas a presença de policiamento permanecia.
Ainda no domingo, o governador de Mato Grosso do Sul, Eduardo Riedel (PP), condenou o ato e determinou que a ocupação seja investigada.
“Isso para responsabilizar as organizações de aliciamento, manipulação e exploração da boa-fé de um reduzido número de indígenas. Importante separar estes grupos criminosos da imensa maioria das comunidades indígenas, atendidas diariamente por políticas públicas efetivas, com fortalecimento da cultura, resolução de décadas de falta de água em Dourados, atendimento de demandas de segurança e educação, garantia de direitos e dignidade, e a busca de soluções que garantam a paz no campo”, publicou.
Entidades que representam o agronegócio também repudiaram a ocupação. “Infelizmente, os fatos confirmam aquilo que já vínhamos denunciando: a omissão e a leniência da Justiça e do governo federal alimentam a insegurança jurídica e encorajam novos ataques. Não é de hoje que a área sofre sucessivas invasões.”
‘Evitar massacre’
Segundo o Cimi (Conselho Indigenista Missionário), o movimento foi “para evitar um massacre”. A propriedade chegou a passar por demarcação, mas o STF (Supremo Tribunal Federal) anulou o processo em 2014. Desde então, a comunidade indígena reivindica as terras.
Midia Max





